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A Armadilha

A obra retrata uma história real marcada pelo machismo, abuso de autoridade e corrupção institucionalizada. A protagonista, após pagar antecipadamente em dinheiro uma locação de temporada, é enganada pela proprietária, que age de má-fé ao redigir um contrato com erros propositais e se recusar a fornecer recibo.

Quando a inquilina ameaça registrar ocorrência, descobre que tudo já estava armado: a proprietária, um falso proprietário, seu advogado e policiais — civis e militares — agem em conluio para inverter os papéis, transformando a vítima em acusada.

No dia 1º de dezembro, a protagonista formaliza denúncia contra dois policiais militares e policiais civis da Corregedoria Geral Unificada, após constatar que os quatro falsificaram a dinâmica dos fatos. Mesmo com testemunhas oculares e gravações do condomínio e das ruas, as provas não foram solicitadas pela Corregedoria.

No dia 2 de dezembro, o falso proprietário — já denunciado por ameaça de morte — volta à delegacia, e no dia 13 de dezembro, ele e os policiais civis e militares se associam formalmente. Nesse mesmo dia, o falso proprietário assina um termo como se fosse o verdadeiro dono do imóvel (que não lhe pertence), e, por colaborar com a trama, teve o registro de ameaça de morte cancelado.

Além disso, mentiu em juízo, afirmando ter sido ameaçado por telefone no dia 13 — fato jamais comprovado, pois nenhuma companhia telefônica foi oficiada, e não houve qualquer ligação registrada. A falsidade do depoimento foi reforçada quando se verificou que ele não é proprietário nem administrador de imóveis, como alegou, já que a Receita Federal comprova que sua única empresa, com capital de apenas R$ 900, não possui tal atividade.

Os policiais, que já haviam falsificado a dinâmica dos fatos, repetiram a conduta no registro feito em 13 de dezembro, ignorando completamente as denúncias e provas anteriores. Em um claro abuso de poder, os dois policiais militares, um policial civil e o falso proprietário invadiram o imóvel da denunciante sem mandado judicial, quebrando a porta de entrada.

O caso se torna ainda mais absurdo quando os próprios policiais denunciados passaram a figurar como testemunhas de acusação da vítima. A narrativa questiona: como a Justiça pôde aceitar que pessoas com motivação explícita de vingança testemunhassem contra a denunciante? A resposta parece clara — o sistema agiu para dar o troco.

“A Armadilha” expõe, com coragem, a manipulação das instituições de segurança e justiça, revelando como o poder, o conluio e a corrupção podem aniquilar a verdade e criminalizar inocentes. É o retrato de uma sociedade onde vítimas são silenciadas, e onde sobreviver já é, por si só, um ato de resistência.


Dra. Rosemary Louzeiro