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Proibido o celular na escola, agora é preciso regular as big techs, dizem especialistas

O uso de celulares por estudantes foi proibido nas escolas de todo o Brasil! A nova lei, sancionada recentemente, tem o objetivo de reduzir distrações, melhorar o desempenho escolar e estimular a interação social entre os alunos. A medida já está em vigor e se aplica tanto a escolas públicas quanto privadas, abrangendo estudantes da educação infantil ao ensino médio.


Especialistas da área da educação e psicologia avaliam a lei como um avanço, mas alertam que essa é apenas uma parte do problema. Para eles, o verdadeiro desafio está no vício digital, impulsionado pelas redes sociais. Segundo o pedagogo Paulo Fochi, as big techs projetam seus aplicativos de forma a prender a atenção dos usuários, estimulando a produção de dopamina e criando um ciclo de dependência. Essa estrutura faz com que os jovens passem horas conectados, muitas vezes em detrimento do aprendizado e da socialização.


Além disso, as plataformas digitais lucram com a propagação de desinformação, discursos de ódio e polarização. Fochi destaca que, para combater esse problema de forma eficaz, é necessário regulamentar a atuação das big techs, impondo normas que reduzam os impactos negativos dessas empresas sobre a sociedade. Sem uma regulação adequada, as medidas adotadas dentro das escolas podem ter efeito limitado.


O psicólogo Elton Hiroshi Matsushima reforça a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa e sugere que o governo crie campanhas educativas sobre os riscos do uso excessivo da internet, assim como fez com o cigarro e o álcool. Ele argumenta que é necessário um esforço conjunto para conscientizar a população e reduzir os danos causados pelo vício digital.


A nova lei brasileira segue uma tendência internacional. Países como França, Espanha, Itália, Suíça e Finlândia já adotaram restrições ao uso de celulares em ambientes escolares. No Brasil, estados como São Paulo e municípios como o Rio de Janeiro já possuíam legislações locais sobre o tema. Com a medida federal, a restrição se torna obrigatória em todo o território nacional.


A proibição não é absoluta. O uso do celular será permitido em casos específicos, como para alunos que dependem da tecnologia para monitoramento de saúde ou em atividades pedagógicas sob supervisão dos professores. A norma também prevê que o Conselho Nacional de Educação publique diretrizes para a implementação da medida nas escolas.


A polêmica sobre o impacto das redes sociais na vida dos jovens não é nova, e o debate sobre a necessidade de regular as big techs segue em andamento no Congresso Nacional. O Projeto de Lei das Fake News, que visa responsabilizar as empresas pela disseminação de desinformação, já foi aprovado pelo Senado e aguarda análise na Câmara dos Deputados.


Diante desse cenário, a proibição do celular nas escolas representa um passo importante, mas insuficiente para resolver o problema do vício digital. A questão central permanece: é preciso estabelecer regras mais rígidas para as grandes empresas do setor tecnológico. Sem isso, o desafio do uso excessivo da internet continuará a impactar o aprendizado, a saúde mental e o desenvolvimento social das novas gerações.


Fonte: Agência Senado